julho 22, 2009

Rabiscos com clichê # 5

Já faz alguns dias que tu - Palavras- não passas por aquela janela do apartamento setecentos e alguma coisa, tampouco bate à porta. Confesso que no primeiro dia não senti saudade, bom vagar pelo mundo só e com pensamentos vazios em um beco qualquer da vida. Até foi bom dormir sem lembranças de um dia qualquer. Nas primeiras horas não fostes tão ausente assim: o papel sob a mesa, uns rabiscos com clichês (clássico), a caneta repousada por engano naquela página vazia (talvez estivesse apenas incompleta) da vida.
Depois comecei então a sentir sua falta, que pouco a pouco, foi se transformando em abstinência: os cumprimentos não respondidos, conversas mudas, o insuportável silêncio do apartamento (nem preciso citar o silêncio estarrecedor no elevador), e até mesmo o papel e a caneta estranhamente emudeceram. Tentei te procurar em alguns amigos, mas eles partiam guardando meu silêncio; desistiam! E eu mais uma vez só, me queixava, mas não contigo - Palavras – eu me queixava com... As Lágrimas quase mudas, se não fossem pelos soluços. E nem mesmo essas conseguiam expressar a falta que tu palavras me fizestes...
Lá se vão meses, e então volto àquela janela espiando como se esta fosse uma tela e descubro que o mundo não tem espaço suficiente pra mim, afinal graças a ti criei um mundo utópico. Prefiro não falar da porta ela parece adivinhar que vivo só, nesse espaço limitado e que no momento me parece insuportavelmente bom. Talvez a solidão seja o verdadeiro motivo do mundo belo que criei... Ah, não quero ficar preso aqui nessa estranha tela onde o mundo inteiro parece ter tanto espaço e ainda assim ser tão pequeno para mim.
Comecei a sentir mais ainda a tal solidão sem ti, e mais uma vez eu e meu silêncio. Senti também um desespero indescritível de me manifestar. Brado?! Desejo?! Fé! Hesitação?! Jasmim! Medo?! Ópio! Querosene?! Silêncio! Quero de volta nossos pequenos desentendimentos por causa da borracha, ou do falar sem pensar, tudo isso era apenas meus desejos de te melhorar. Ainda não escrevi o final, na verdade nem mesmo comecei, pois sem ti não tenho uma história. Até mesmo aqueles poemas ficaram pela metade. Por favor, volte, deixei a janela entreaberta e se quiser deixo a porta encostada, pois já não tenho medo do que me aconteceu, tenho medo apenas de te perder para sempre por isso quando voltar venha devagar não quero nos enganar, muito menos iludir... E não tenhas pressa, pois compreendo que precisas de tempo assim como eu para suportar o acontecido. Não te assustes Palavras quando voltar com certeza não conseguiremos apagar o que aconteceu, mas juntos conseguiremos suportar... E acabar com esse: silêncio!

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