agosto 17, 2010

Words for you # 24

Círculos na neve.

Talvez fossem as saudades que seus lábios sentiam dos dele, ou quem sabe aquele medo de perdê-lo, que fazia com que ela o beijasse como se fosse a última vez. Jamais imaginou que a intensidade dos beijos que trocara com o garoto antes pudesse ser superada. Isso criava nela uma vontade mal-acostumada de quero-mais. Sabia que as chances de ter os pedaços de seu coração partidos - em partes ainda menores - eram grandes, mas não se importava. Não queria pensar nisso. Queria acreditar que quiçá, se conseguisse evitar aquela idéia em sua cabeça, aquilo não acontecesse. Era uma idéia bonita, sorridente. Então agarrou-se nela com todas as suas forças.

Desejava, mais que tudo, pausar aquele momento. Ou gravá-lo, como se fizesse parte de um filme, para que assim pudesse dar replay naquele instante sempre que quisesse. Guardar a beleza daquelas trocas (de olhares, medos, suspiros, sentimentos) pra sempre, pro seu mundo. Sentia os lábios, a língua, as mãos dele, e tentava disfaçar os batimentos de seu coração - ora fortes, altos, ora lentos, fracos -, uma irregularidade tão destoante do que estava sentindo: algo tão certo quanto o fato de que uma hora aquilo tudo acabaria.

Então deu-lhe um último beijo, mais intenso e apaixonado que todos os outros que trocaram antes. O desespero, o temor, a paixão... Sentimentos tão fortes misturados. Ela se sentiu explodir, como se já não estivesse em seu corpo. Chegava a ser melhor que a sensação de estar voando: por um breve segundo, o tempo parou. Seu desejo tornava-se realidade, e assim, acabava. Afastou-se, embora não quisesse, e deu um beijo nas mãos dele, na testa... e um último encontro de lábios, totalmente calados. Nenhum dos dois disse, mas sabiam. Até.

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